terça-feira, 30 de junho de 2009

PRIMEIRO LIVRO IMPRESSO DA ME MORTE






ܔܢܜܔ
a lenda do corpo seco - lançamento em breve!!!(๏̯͡๏)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Vivente na Interseção

Sou Mensageiro Obscuro, filho de Anúbis e discípulo da Thoth,
Vivo em missões no mundo dos mortos e dos vivos,
Andei de leste a oeste, perdi-me ao sul, mas encontrei o norte,
Estudei e lutei, falei línguas mortas e conheci seus nativos.

Tenho Ba e Ka a montar Akh, a incrível Alma Imortal,
Pergunte-me agora, nem toda resposta irei lhe dar,
Estou em mundos estranhos sem julgar o início e final,
Tenho ainda mais conhecimentos e segredos a desvendar.

Sou um vivente na interseção, um buscador de experiências,
Livre espectro, sem raízes e crias em viagens astrais,
A descobrir muito mais que algumas filosofias e ciências,
Estou muito distante de meras interpretações mortais.

Tenho a vida e morte unidas à minha existência,
Solitário em estradas estreitas, um grande miscigenado,
Visitei o Duat e descobri seres com virtudes da potência,
Dos deuses não sou servo nem escravo, apenas um aliado.


- Mensageiro Obscuro.
Outubro/2007.


-- Glossário --

Akh= Termo usado para referir-se a alma imortal conseguida no pós-vida. Era a força divina.

Ba = Correspondia ao espírito, era a parte mental do humano.

Duat = Morada dos deuses egípcios, local místico poderoso.

Ka = Correspondia a energia vital do humano.

domingo, 28 de junho de 2009

Insanidade.




Ouço o que a noite fala. E me calo;
e falo pouco de amor qualquer, pois
me dano em lua cheia.Encontra-me Falo;
Outra vez me calo a fundo, pois irei amá-lo.


À meia-noite ameaça declamar o enigma
as cortinas fecham-se onde penetra agonia
onde fazia frio, talvez em um prazer confuso
de absurdo choro, envolvendo-me à redenção.


As rosas pretas absorvem meu veneno selvagem
te tento,atenta por milhares de maneiras inocentes
entregando-me a tal luto, pois esquecerei de morrer.


A noite explora a palidez cínica do meu outro lado
do outro a brisa áspera condena-me em luzes mortais
deixando apenas meu coração que chora, nunca de amor.



Émerson Sarmento

quinta-feira, 25 de junho de 2009

P A L A V R A S




PALAVRAS


palavra incerta..

dói

quebrando tabus

socando dedos..

corroendo a alma

vomitando o cérebro

dói no desejo do poeta

como a flor

em sangue

aberta ferida

toca o lábio

em vermelho

treme

na boca do coração

existe no instante

da fração

permanece

e se abre

riscando linhas

no conta gota

d’alma



** Gaivota **




* * * * * * * * * * * *

segunda-feira, 22 de junho de 2009

LUTO ETERNO






LUTO ETERNO

Oh! Viúvo que já provou ardor pleno
Mas não viveu o sagrado matrimônio.
Bebeu o mais diviníssimo veneno
Amando um anjo, lúgubre demônio.




Pelo demônio, quanto ardor lascivo!
Quantos desejos, quantos sacrifícios,
Quanto amor, quanto amor, quantos suplícios!
E hoje nem sei quem sou e nem se estou vivo!




Por isto, converti-me em rubro Luto,
Comecei a clamar pela bela Morte
E a sentir medo eterno de meu Sonho.




Do Sonho, o pesadelo mais tristonho...
Da Morte, o servo mais mórbido e forte...
Do Luto, nobre e virgem prostituto!






Rommel Werneck









Blog Poesia Retrô, a poesia de sempre:









Entrevista com Mariângela Padilha ( Me Morte):







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DESAFIO ROLETA RUSSA, PARTICIPE!!




domingo, 21 de junho de 2009

Passageiros da ilusão

Das lembranças da infância, guardo sempre as das brincadeiras na charqueada dos avós e a companhia de Dinho. Alfredo era o nome dele. Moleque franzino de olhos acesos e dentes alvíssimos no rosto cor de carvão. Devia ter sete ou oito anos, ninguém sabia. Naquela época era comum, quando chegava o escrivão, acorrerem todos a registrar os filhos nascidos entre o período e, assim, em muitas famílias era comum o Tonho ser irmão mais velho do que o Tonico e terem registro de nascimento no mesmo dia e ano.
Dinho era o filho número nove entre os doze de Alaíde. A negra Alaíde era viúva. Ainda moça perdera o marido quando esse, ao pular a janela do rancho da comadre Olga, enredara a bombacha no umbral e o marido ultrajado o alcançara com dois golpes do facão de esquilar, lavando a honra.
Sem recursos, Alaíde fazia serviços a uns e outros e também ao pároco. (Diziam que o filho menorzinho era a cara do padre, cuspido e escarrado.) Ela era encarregada de lavar e engomar os panos da igreja e Dinho servia de coroinha aos domingos, na única missa, às dez horas. Depois disso, Dinho pegava carona no Chrisler do meu pai e seguia, acenando com o chapéu aos passantes, até o casarão de “Dom Domingo”, meu avô materno.
Dinho almoçava na mesa com os empregados e depois ficava servindo de pajem da “Ducinha” como ele me chamava, não sei se por não saber pronunciar meu nome ou outro motivo qualquer. Perdeu o cargo de me pajear quando meus pais viram uma de nossas brincadeiras: Eu, em meu vestido domingueiro de broderie branco com fitas de veludo e saias armadas, sapatos de verniz e meias brancas. Dinho agarrava-me pelas fitas de organza com picô das tranças e, com uma réstea de cebola vazia, tocava-me aos gritos de “eia” enquanto eu corria à volta do potreiro.
Terminada a hora em que os adultos faziam a digestão conversando na varanda, era hora de ir embora. Antes de entrar, Dinho cuspia nas mãos e apagava o vestígio de poeira dos meus sapatos de verniz.
Depois disso, eu só o via aos domingos na igreja. Sempre que eu podia, levava de casa um pedaço de rapadura que, disfarçadamente colocava na cestinha enquanto Dinho recolhia os óbulos. De lá, também, Dinho foi dispensado depois que Padre Dirceu o pegou tomando o vinho da missa, com o bolso cheio de hóstias. Acho que as levava para acrescentar à refeição dos irmãos.
Longe da igreja, Dinho foi trabalhar como engraxate e eu o via no trajeto para a escola, sempre com a caixa às costas rumo à praça.
Um belo dia, Dinho apareceu com uma bicicleta. “A bike” como dizia. Estava tão vaidoso com ela que a encheu de flores plásticas, roubadas do cemitério, e anéis de borracha colorida nos aros. Daí foi incrementando: uma buzina imitando boi, capa franjada no assento, farolete, bagageiro e por fim uma capota de vinil. Foi contratado para fazer “marketing” com o alto-falante acoplado à bike. E lá ia Dinho: “Casas de carne Ribeiro, onde vale mais o seu dinheiro...” Cidade crescendo, eu normalista, novidades e modernidades...
Dinho apostou nas máquinas caça-níqueis e a cidade o viu ganhar oitocentos reais. Não deu outra. Dinho comprou uma Brasília no ferro velho. Amou-a como havia idolatrado a bicicleta. E passou a incrementá-la: bandeirolas, aerofólios, neon, espelhos laterais, filme nas janelas, farol de milha, som com rock pauleira...
Depois disso ficou comum ver Dinho próximo à carrocinha do vendedor de churrasquinho. A Brasília estacionada com a tampa do porta-malas aberta e enormes caixas de som no máximo volume. Os badboys, filhinhos de papai, davam-lhe moedas para vê-lo colocar o som mais alto e escolhiam as músicas. Na inocência da sua sandice, Dinho não se dava conta de que o faziam para poderem rir à vontade.
Numa manhã de segunda-feira, a cidade amanheceu mais silenciosa: Num entrevero com travestis da praça, Dinho levara um tiro no meio da testa. Só a Brasília não silenciou, continuou tocando: “Don’t cry for me, Argentina...”

sábado, 20 de junho de 2009

Nas asas da luxuria


Nas asas da luxuria eu viajei
E só nos teus braços pude pousar,
Eu sei como é esta sem esperança,
Senti de novo o êxtase quando eu a beijei...

Permaneci em teu coração
Como a única rosa de um jardim,
Minha querida somos manequins
Manipulados pela canção...

Pela canção do amor,
Cantada pelos anjos que caíram
Cantada pela voz da dor

Nas asas da luxuria voaremos,
Sem nosso amor nossos corações não bateriam
Mais, então sempre nos amaremos...

(Em breve em vídeo poema gótico)
Breno Filth

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A menina e as doze badaladas




Foram doze badaladas, o som repercutiu através dos salões imensos e vazios. Quem ousaria enfrentar o medo e espiar, ainda que pela fresta da fechadura, a quem pertenciam os passos cadenciados. Um...dois...três...

Uma lufada de vento forte, arrancou as cortinas diáfanas e a lua penetrou toda senhora de si o aposento sombrio. Iluminando e evidenciando os cantos escuros. A última esperança era o circulo de luz, no chão do quarto de brinquedos. Ainda podiam tentar... Mas quem iria se arriscar? Espreitando na escuridão eles aguardavam.
O que antes era motivo de alegria, agora só trazia pânico e horror. Bonecas rotas e caolhas pareciam acompanhar seus movimentos, bailarinas tortas pendiam pelas prateleiras, caixas de lembranças em papel desbotado. Caixas de brinquedos , papeis e giz de cera espalhados pelo chão.
Houve uma vez uma menina que só queria ser feliz. Ela cresceu em uma casa linda, com pais que se amavam muito, tanto que não tinham tempo para mais nada alem de si. Restavam os jardins com muitas flores e balanços, empregadas e babás. Correndo pelas alamedas ela sonhava que era uma fada e pintava as mais lindas cores. Cantava e bailava e assim eram os dias de sol. Dias de luz.
Algumas vezes a doçura perdia o encanto. Prendendo laços negros nas pontas das longas tranças, ela transformava-se na bruxa má e desejava afogar todos no grande lago. Todos sem exceção, mesmo os que deveria obedecer e respeitar. Nestes dias em que o céu cingia as nuvens em chumbo de puro rancor... Ela partia-se em mil pedaços e não sabia o que era ou o que fazia. Destruía o que atravessasse seu caminho, maltratava os bichos e as pessoas tinham verdadeiro pavor.
Quando tudo se acalmava ele repetia baixinho: Não estou sozinha. Foi ela quem fez estas coisas ruins. Somos duas irmãs em almas costuradas a ferro e brasa. Talvez seja um castigo... Talvez... Mas não estou sozinha. Ela está comigo.
Como a canção de ninar jamais entoada. Ela ou elas adormeciam. Almas siamesas tão diversas, brincavam por trás do espelho do salão de chá. Esgueirando sob tapetes vivia o tormento, oculto sob camadas de espessa lã e tramas bem amarradas. Prisioneiros e cúmplices aguardando o momento propício da salvação, eles se apegaram. Agora eram três.
Algumas vezes deitada em frente a lareira, ouvia historias de um tempo em que não havia nada. O vazio e o inexplicável, caminharam juntos e criaram vida. Foi assim que ela iniciou seu aprendizado com o mestre dos sonhos. Ele repetia cada lição, dia após dia... Incansável em sua doutrina. E todo ensinamento tem um custo muito alto. Talvez insuportável ou além dos limites.
Certo dia os pais perceberam, que não tinham uma criança que se contentava com doces e afagos. Era uma aberração que precisavam destruir o quanto antes, temiam o dedo acusador e os risos de escárnio. A menina encarou os pais : Dentro dos olhos da família feliz, viu medo e ódio. O cutelo firme destruiu cada pedacinho daquelas vidas.

-- A décima terceira hora ---

Urros animalescos, sons guturais, gritos agudo e graves. Ópera dos desalmados, incompreendidos e fracassados. Música.
O cheiro acre crescia e os animais rondavam a fazenda. Todas as portas e janelas foram abertas. Era o convite final! Que viessem e compartilhassem o banquete... A menina percorreu cada cômodo e fingiu não perceber os poucos sobreviventes. O ar gelado da noite envolveu o ambiente. Eles chegaram aos poucos, vinham deslizando pelo caminho da escuridão, ainda temiam o casulo, mas sabiam que precisavam obedecer.
Finalmente a menina deixou-se levar pelo destino, sentiu quando partes de seu corpo eram arrancadas e engolidas às pressas. Precisava ser devorada e destruída, era parte do todo e ela agora compreendia. A agonia final veio arrebatada de um contentamento indescritível. Abriu os braços e foi recebida pela Mãe.

A lua negra ofertou o fio condutor.
Formando um ponto único nas trevas.
Surgiu uma centelha criada pelo medo
Partiu-se em duas fagulhas ínfimas.
Tênues e pálidas... Mas vívidas!





A Morte soprou e deu vida ao que seria sua criação derradeira. Partiu gloriosa do seu feito, mais uma vez havia triunfado. Os seres divinos sempre apostavam e perdiam. Ninguém conhecia mais o homem... Do que ela. Tão temida e odiada. Para ela não havia segredo, perdão, compaixão ou misericórdia. Apenas justiça.
O pequeno milagre acontecia e todos os seres observavam em silencio. Das duas forças abriu-se um vórtice e de lá surgiram sete mistérios. Eles iriam engolir o mundo, tomar o fel da taça.
E trazer a ruína à humanidade torpe.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Bilhete de amor encontrado na casaca do lunático

Meu inferno paradisíaco

Impregne-me as cores difusas em paranóia, com tua palidez de arranjos, em pleno furacão.
Por favor, leituras impróprias nas tardes monótonas de domingos e que tuas próximas difamações sejam cuspidas na minha morbidez.
Não bata, escancare a porta do meu quarto com a brutalidade dos diamantes.
Que teu ódio seja exposto em copos cristalinos, quebrados na minha face e leves esfaqueamentos de núpcias.
Cascas de ferida, imensidões, libélulas, o teu grifo na minha pele crua.

Que nada te salve de mim, jamais.
No teu abismo minha casa.
No meu ventre tua solidão.
Jura que vai gritar por mim em insólitos escuros?
E que nossas linguagens serão metas corroídas em harmonias sintomáticas.
Prometa-me a chibata dos segredos no final da tarde, para que não ocorra o claustro noturno.
Nasça em mim, vertigem soluçada.
Uma estranha fusão me sonha e desespera.
Socorra-me com inocências pútridas.

Da que sempre foi,
De quem nunca será.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

WLDN



Nesta quase visagem vida
Num modo por pouco único
À tua neutra abrangência
Velado do que te cabe
Vislumbre ao mesmo tempo
Incomum do topo a base
Diferenciando o amanhã
Por tudo que já viveste
Ressente num jogo dado.

É sempre muito sombria
A falta consolidada
Marca as sobras do futuro
Promessa que se ausenta
Solidão que desagrava
Insuficiente preenche
Crente de estar completa
Sempre por deixar de ser
Vida plena por incerta

Querer meu bem te distingue
No aconchego que oferece
Fácil à compreensão
Idônea que se difere
Referir o amor que sopra
Nostálgicas notas noturnas
Arde a música num lamento
Pelos dias que a levam
Ao tempo de outro presente.

Há bem nesse interior
Sentido da experiência
A mais do que concerne
Atenciosa carência
Perfeição que se impõe
Do amor por vocação
Não extingue e multiplica
Ingênua e ininterrupta
Em mim a tua presença.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

MANHÃS, MANHAS & POESIAS




MANHÃS, MANHAS & POESIAS
Thiers R>


Lenta morre a dor

amassada por pedras

presa no leito seco

do rio que passou

lenta morre esta dor

infame dor aberta

triste des’água

no solo

abre-se em’sois

quebra-se na paisagem

voleja o’ar

triste dor disforme

massacrada por palavras

agora publicadas

digo que te vais

so’r’risos ficam

macios dedos

entregues a verdes’manhãs

que abrem-se agora



>

domingo, 14 de junho de 2009

SANGUE FRESCO - DA SEDUÇÃO AO TERROR

O rosto transtornado pela dor, uma dor que não me pertence, uma dor que não tange meu físico e, ainda assim, uma dor mortal. Há quanto tempo não miro o reflexo de meu rosto confrangido? Talvez tenham se passado séculos desde que a escuridão do inferno engoliu meu ser mortal e vomitou este monstro que assumiu minha identidade. A sanidade perdeu-se ao sabor do beijo agridoce de um ser abissal.


O rubro que domina minha órbita ocular evidencia a sede que abrasa minhas entranhas. O instinto animal supera qualquer sentimento de comiseração. A soturnidade de minha existência não pode ser avaliada por nenhum mortal. Sei que muitos almejam o mesmo viver que me aprisiona, mas isto é porque não são capazes de imaginar, sequer em proporção diminuta, a maldição que tange aqueles que se deixaram seduzir pelo fogo da eternidade.


Os sentidos aguçados me tornam um predador sem igual. Não existe ser vivo que possa fazer frente as minhas habilidades de caçador e, no entanto, a dor ainda me faz sentir o quão débil é meu existir. A dor me faz desejar o último ósculo que abraça todo mortal. Um desejo que, sei, jamais se concretizará.


O odor suave de mais um buquê a ser saboreado transporta-me a realidade que insisto em deixar. O alienamento precisa ser suprimido para que eu possa aplacar a sede que faz minha garganta queimar como se estivesse envolta em um recipiente ígneo. A hora é de caçar.


Volto meu olhar seletivo para a multidão que se aglomera no espaçoso salão. Jovens que se reúnem para divertir, extravasar as tensões advindas de um modo de vida artificial e nocivo. Talvez eu não seja assim tão monstruoso, afinal, o que estes seres, desprovidos de senso de preservação, poderiam haurir em seu futuro? Olhando-os tão perdidos em seus egoísticos desejos, chego a acreditar que não seja um mal, apenas uma extensão da tragédia que se abate sobre esta podre humanidade.


continua AQUI


Darkness

sábado, 13 de junho de 2009

Diálogo com a morte

Então a morte me viu e perguntou:

"_Tens medo de mim mortal?"

E respondi, com um gesto indiferente:

"_Não, pois tu não me faz mal".


A morte pergunta por que esta impressão,

Digo que não tenho medo da escuridão,

Que tampa meus olhos da humanidade que me escolta,

Que faz jus ao meu medo, onde me cala, me esnoba.


Meu pulso esta cortado e a morte me encarando,

Seu desejo era certo, levar-me desta prisão,

Para um lugar incerto, oculto,

Disse que não tinha escolha, ia me levar querendo ou não.


A cada gota de sangue que escorria,

Passava por minha cabeça uma visão,

A do mundo que deixaria,

E de todas as pessoas que fizeram minha vida em vão.


Digo a ela, que és a única a estar presente,

"_Obrigado por passar os últimos momentos comigo",

Fiquei ciente de que toda minha vida,

Minha maior companhia foi a que vi por ultimo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

╚»Ă ĹĔŃĎĂ ĎŐ ČŐŔРŐ ŚĔČŐ - ĹĨVŔŐ ĨМРŔĔŚŚŐ ĎĂ МĔ МŐŔŤĔ -



Lápide




autor: Caio Pântano


Eu, asceta das montanhas,
Molambo roto da terra fria,
Dissolvo meu éter nas manhãs,
Desalinhando em versos, Lúgubre poesia!
.
Eu, adubo da clorofila,
Incalculo o dia do tremor
Do tombar da terra fria
Sobre as cabeças pensas de Pedros, Joãos e Marias.
.
Eu de pedra e sal, doido, durmo
E sonho em casas de João de barro,
Firmando nos olhos do passarinho
Uma aprazível grandeza, bizarro!
.
Eu, displicente, abrupto, ao léu,
Carrego os instantes do meu medo
Desatando nós dos mausoléus
A revelia de mim, não há segredo!
.
Das letras talhadas com meu nome
Eu garimpando uma placa de bronze
Pra depois me ver sem alcunha ou nome
As sombras duma árvore querida
Endosso assim, minha póstuma partida.
.
Na lápide, cravada em meu sepulcro
Onde a grama feliz esconde meu vítreo olhar
Só o silêncio e um supremo beijo ao infinito!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Janelas inúteis





Insisto em olhar
Através de janelas inúteis
Que não me ofertam horizonte
Nem nada.
Apenas a visada
Para um onde qualquer,
Um fim de rua qualquer
Um mísero e pífio fim de vista.
Como se a névoa
Fosse a juíza do que sou autorizado a ver.

São essas inúteis janelas.
São elas que me iludem
Me fazem pensar que vejo
O que jamais esteve por lá.

Fecho, sereno, essas inúteis ventanas
Que, por mais que mundanas
Jamais me ofertaram
O sabor do chão, do piso, da realidade

Que fiquem abertas
Que fiquem inúteis
Que fiquem estáticas
E escancaradas
Essas janelas
Que mostram o nada
Nem vento intruso
Nem roca, nem fuso
Nem sombra, nem nada.

Apenas janelas inúteis
E a gente a espiar de soslaio
Pensando que um dia, quem sabe
Através dessa rara passagem
Passe a imagem do sol
Dele ao menos a mostra de vida
Desse sol, pelo menos um raio.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Madrugadas




Em tardes que se fecham no ocidente
E extinguem para sempre a sua chama,
A lira da existência já derrama
As notas do meu curso decadente;

No fundo destes céus da minha mente,
A Lua da tristeza já se inflama
Co'as tintas dessa dor, a Negra Dama
Que há de consumir-me lentamente;

Os ares que circundam a atmosfera
Transformam-se na brisa mais austera
Que envolve a minha alma em sopro triste;

Ao canto das estrelas apagadas,
Me perco nas silentes madrugadas
Da vida cujo Sol não mais existe.

sábado, 6 de junho de 2009

Seis de Junho de Dois Mil e Nove.



Pelo menos, 35 mães choram seus 35 filhos.
35 mães choram seus 35 filhos.
35 mães choram.

35 mães choram sangue, pelas chamas que mataram seus 35 filhos.


                                                                                         México,

por ti
e por teus infantes mortos

espero que hoje
não haja
nenhum
poema no mundo


(Jessiely Soares)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Divã - By Flá Perez


Mamãe cortou os pulsos. Eu devia ter uns quatro ou cinco anos, e só o que me lembro é de vê-la chorando muito naquele dia. Depois, o sangue nos seus braços quando veio me dar um beijo de boa noite. Pensando bem, aquele era para ser um beijo de adeus...
Essa época da minha vida foi um tanto conturbada. Minha mãe havia deixado meu pai por causa de um outro homem. E meu pai aparecia lá em casa a toda hora com cara de cachorro. Eu ficava ouvindo os pedidos de reatamento, as promessas de que tudo ia mudar. Via o rosto de minha mãe, pedra, dizendo que não, que não dava mais tempo, que era tarde e amava outro.
O outro que era um homem enorme, moreno, desbocado e de feições rudes, extremo oposto do meu pai, um tipo magro, atlético e loiro. Meu pai era um homem muito bonito. Ninguém entendia o porquê dessa troca. Alguns não entendem até hoje.
Mas eu entendo. Várias vezes ouvi, escondida, mamãe conversando com minha tia, de como papai tinha desde os tempos em que namoravam, outras mulheres, e mamãe, coitadinha, ficava sabendo. Não sei o que ele dizia a ela para que ficasse. Não sei por que ficava.
Uma vez ouvi papai dizer, tentando abraçá-la:
- Antes você era tão carinhosa e me amava tanto!
Ao que ela respondeu :
- E de nada adiantou o meu amor...
O amor de minha mãe foi morrendo devagar e culminou com o abandono.
Mamãe também era linda. De corpo e de rosto. O que mais chamava atenção nela era sua cintura, fininha! Suas pernas grossas, morenas de sol. Mais tarde, quando eu já era mocinha e os homens ainda olhavam para ela nas ruas. Eu os encarava feio, fazendo às vezes de meu pai. Alguns mais sem vergonha vinham falar com ela. Então eu me enfezava de verdade. A história mais famosa da família é a de que um amigo de infância dela, reconhecendo-a na rua, perguntou-me:
- Sua mãe se chama tal e tal ?
E eu respondi:
- Se chama sim, mas ela já tem marido!
Merecendo meu pai ou não o que aconteceu, mamãe um dia lhe disse:
- Amo outro.
Tudo mudou. Papai saiu de casa. Fomos para a casa de minha avó junto com mamãe, que começou a namorar o gigante espalhafatoso.
Parecia um bom sujeito, o gigante. Chamava – se Mauro. Quando ia nos visitar arrumava eletrodomésticos, trocava lâmpadas. Tudo que meu pai nunca havia feito, ele parecia disposto a fazer: Ia com mamãe a todos os lugares, nos levava a passear, trazia presentes.
Acontece que Mauro também era casado e largara mulher e filho para ficar com minha mãe. E um dia, chamou-a de lado e a pediu em casamento. Queria morar com ela. Ouvi tudo atrás da porta. Ela disse não. Era cedo, deviam pensar nos filhos, deixar–nos acostumar com a idéia primeiro. O ouvi esbravejando, insistindo.
Depois disso mais uma vez tudo começou a mudar. Mauro tornou – se um homem ciumento, desconfiado de mamãe, a ponto de perguntar a toda hora onde ela estava indo, reclamar de suas roupas curtas ou decotadas. Uma vez o peguei cheirando as roupas dela às escondidas. Isso meu pai nunca havia feito!
Mamãe não ficava atrás: reclamava quando ele ia visitar o filho, pois tinha ciúmes da ex–mulher e Mauro não queria nem que meu pai chegasse perto dela.
Então minha mãe ficou grávida e teve um aborto, que não sei até hoje se foi espontâneo ou provocado. Lembro–me dela internada durante dois dias no hospital, pois perdera muito sangue. Quando voltou, não parecia triste ou deprimida, apenas muito pálida. E Mauro falou:
- Você não queria um filho meu.
Disse isso e foi embora, para nunca mais. Minha mãe não entendeu, ou entendeu e se arrependeu de algo e foi falar com ele várias vezes. Voltava sempre com olhos inchados de chorar. Minha avó se desesperava e eu via tudo sem poder fazer nada. Ela já não me fazia carinho, ficava com o olhar parado, não queria comer.
Um dia mamãe veio se despedir de mim como sempre fazia, na minha cama. Demorei a adormecer. Fiquei inquieta e não sei por que acendi a luz novamente; no meu travesseiro havia sangue. Mamãe havia se despedido de mim para sempre.
Mas não conseguiu ir até o final de seu intento, pois meu pai, sabendo da ausência do outro, estava novamente tentando voltar. Pulou o muro da casa, forçou a porta, não sei como ele adivinhou que estava sendo necessário.
Encontrou minha mãe na cama, o lençol cheio de sangue.
Vi tudo sem entender direito o que estava se passando, mas sabia que minha mãe sofria, e isso me doía fundo. Só vim a compreender mais tarde, ouvindo discussões entre os dois sobre o assunto. Meu pai enfaixou seus braços, chamou minha avó. Foi uma verdadeira comoção na família.
Mas mamãe não morreu. Ele pediu a ela mais uma chance alguns dias depois. Derrotada, ela anuiu. Ainda ganhei uma irmã depois disso. Papai é cada dia mais apaixonado e nunca mais ouvimos nada sobre suas aventuras.
Um dia Mauro apareceu no portão de casa e chamou por ela. Gritei por meu pai, que saiu de arma em punho e correu com ele de lá.
Ela voltou a ser a mesma: carinhosa, mandona, engraçada, minha linda mãe. Mas bem no fundo dos seus olhos por vezes se pode ver. Parece que alguém pegou sua alma e trocou. Trocaram minha mãe durante a noite enquanto eu dormia.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

As Flores Gritam





As flores murchas
clamam
num grito silencioso

esqueceram
o ar, a terra, a chuva.

derramaram
apenas fuligem
em seus brotos.


(Sirlei L. Passolongo)

CONCURSO DO VALE & A TURBA LITERÁRIA - Edição do Dia dos Namorados





Estão abertas as inscrições para o 2° Concurso do Vale das Sombras & A Turba Literária - Edição do Dia dos Namorados
Envie um poema em estilo Gótico/Romântico de até 60 linhas para: valedassombrasmemorte@gmail.com ou memortesp@gmail.com Acompanhe o Regulamento e as alterações (se tiver) no tópico específico da Comunidade. Prazo para envio dos poemas: De 04 de a 15 de junho

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Adivinhe quem vem para jantar - por Adriano Siqueira





Eram mais de dez horas da noite. Giulia,sentada lendo as propostas de criação para seu cliente, não costumava receber pessoas a essa hora no escritório, mas o trabalho de criação nunca tinha hora para terminar.
O cliente vinha dos Estados Unidos e ela não o conhecia pessoalmente, apenas por telefone. Jeremy era seu nome.
Ela estava sozinha e cansada, quando finalmente alguém bate na porta.
Ela abre e vê um homem alto, cabelos longos e presos em um rabo de cavalo, com olhos que pareciam duas labaredas de fogo e olham para o rosto de Giulia e para todo o escritório.
— Desculpe a demora, Giulia.
Sua voz era suave e calma. Giulia tentou responder no mesmo tom, mas o sorriso daquele homem era encantador, os dentes perfeitos e brancos. Ele segurava nas mãos de Giulia tão carinhosamente - eram tão macias que não pareciam ser de um homem. Ele olhava para Giulia como se estivesse procurando algo em seu pescoço.
Usando de toda a delicadeza o visitante disse:
— Não vai me convidar para entrar?
— Claro!! - Ela disse, olhando para os papéis e torcendo para que ele também olhasse e desviasse a atenção dela.
Ele olhou para os papéis junto com ela, mas logo em seguida, ele voltou a olhar para seu rosto.
— Você é admirável!
— Obrigada, mas... Sobre o projeto...
O telefone toca e Giulia quase derruba o telefone no chão de tanta euforia.
— Alô! Alô?
— Giulia, sou eu, Jeremy.
Ela muda de cor e fica pálida. O homem olhava o projeto e perguntava se foi ela que fez...
— Sim, fui eu mesma. Eu e minha equipe.
No outro lado da linha Jeremy falava com ela...
— Quando poderemos nos encontrar novamente?
O homem que estava olhando a mesa de Giulia viu o telefone. O aparelho registra o número e o nome de quem ligou. Para a sua surpresa, o nome que estava em cima do número era Jeremy!
— Quarta-feira pra mim está ótimo. Está ok para você?
O sinal havia caído!
Ela teve apenas uma fração de segundos para ver que aquele homem havia desligado o telefone e estava quase aguarrando seu pescoço
Desviando-se daquelas mãos que outrora eram macias, ela corre tentando escapar.
Então aquela montanha segura o braço de Giulia e ela não tem outra saída senão revidar.
Agarrando o pescoço dele, ela levanta-o a meio metro do chão. Ele agarra a mão dela tentando se libertar. Ela sorri.
— Quem enviou você?
— A igreja... Eles me pagaram pra isso!
O falso Jeremy retira uma estaca do seu sobretudo e Giulia segura o braço do Caçador com a outra mão.
— Não foi rápido demais, Jeremy!
Chegando perto da janela, o homem fica louco e implora por clemência!
— Por favor, moça! Estou apenas trabalhando... É o meu trabalho!
Giulia empurra o homem para fora do prédio e segurando, com apenas uma mão, ela diz:
— O meu também!
Giulia solta o homem e, enquanto ele grita, esperando pelo seu fim, ela olha para a lua... E sorri.

Autor: Adriano Siqueira

terça-feira, 2 de junho de 2009

Carta de despedida

Queridos amigos e amigas. Já não sou mais eu quando do relato desta carta. Sei que muitos de vocês estão cansados com seus próprios problemas. Eu também estou com os meus. Amigos, resolvi derrotá-los de uma vez, derrotar minha parca vida de uma vez por todas. Dizer adeus a esta personalidade é o menor dos males do meu jazigo, talvez nem male seja deixar de ser.

Renascer em outro ser, outro corpo e deixar meu passado no passado. Matar minha antiga existência e descobrir uma nova face do mundo, da essência. Olhei pela janela pela última vez, décimo andar desse edifício de 30 andares comerciais. Nunca mais terei essa vista, mas esse fato não dói. É um consolo saber que de hoje em diante o céu será minha morada, em vez de simplesmente um quadro na parede que na maioria do tempo deixei coberto para não atrapalhar o visor do meu computador. Subi no peitoral da janela e gritei: Eu venci!

Planei por alguns eternos segundos, finalmente me senti livre de toda a pressão, dor, mesmo do mundo. Planei mentalmente enquanto imaginava como seria a outra vida. Amanhã seria um novo dia; mas apenas para mim, os outros talvez nunca sentirão a liberade que agora vou experimentar, ah, os outros, estes nunca hão de sentir a liverdade enquanto petrificarem conceitos e definir o que é ser livre.

Eles dizem que são livres, será mesmo? Amigos, nem vocês são livres. Todos vocês, amigos e outros, acham que liberdade é ter poder dentro do sistema social, ou então acham que é se excluir do sistema social porque este encarcera. Há! Liberdade está no micro, não no macro... Enxerguem com seus olhos o que é sentir-se livres. Dou um fígado àqueles que me disserem que não se imaginam felizes sendo livres, para ser o que quiser, viver onde bem entender, plenamente. Essa palavra faz uma falta, não? Bem, descobri apenas agora, no último dia antes de eu completar 50 anos de vida que liberdade é sentir-se feliz com sua própria essência, e a prisão é estrangular a externações de sua essência para servir ao seu achismo superficial. Amigos, eu cansei disso, estou livre! Estou deixando essa carta para que não se preocupem, agora eu sou do mundo, o mundo do circo. Pois é, sou um palhaço profissionalmente agora, cansei de ser palhaço da vida.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Oca...




As vezes cansada
Buscava-o com o olhar
Não dizia nada
Inútil falar
Os mesmos gestos
O mesmo gosto
De beijo de todo dia
As vezes se via
Como amarelinha
Pisada, demarcada, com fracas linhas...
E uma vontade de se ir
Às entranhas da terra
Voltar aos braços da mãe guerra
Porque em seu ventre há paz
As vezes doia mais
Noutras menos
Mas as lágrimas, agora secas
Detinham o mesmo gosto amargo
De uma vida inútil
De uma busca louca
Que cessava
Com as lâminas frias
Que o pulso beijava...